A cronista Mariana Soares, imortal de nossa Academia, e que tive a
honra de saudá-la em sua posse, com muita emoção, disse, em certa
crônica, que gostaria de viver no fundo do mar, onde há um profundo
silêncio. E tem razão a cronista. Seria ótimo ver os peixes
deslizando nas profundezas silenciosas do oceano, numa lentidão de
sombras. Todavia a cronista esqueceu o aquário, esse fundo de mar em
miniatura, que alguns psicoterapeutas apontam como uma excelente
terapia de relax contemplativo, sobretudo nestes tempos de tantas
ansiedades e depressões. Se bem que, o ideal é ver os peixes no seu
habitat natural.
Mas,
fora o fundo do mar e o aquário, há muitos lugares silenciosos, a
ponto de você ouvir o próprio coração. E lembrar que o nosso
corpo é um silencioso templo religioso. Até rimou. O cérebro, onde
estão nossos pensamentos, funciona em profundo silêncio. O coração,
esta admirável bomba que parece marcar os nossos passos na vida; os
pulmões, que, através da respiração, nos trazem esse precioso
alimento, que é o oxigênio, tudo isso funciona em silêncio. O
sangue corre manso por todo o organismo, e assim por diante. Não há
lugar mais silencioso do que o nosso corpo.
Vejamos
outro lugar silencioso... Há muitos, leitor, sem esquecer uma praia
deserta, longe daqueles turistas estúpidos que preferem fazer zoada
e tomar cachaça do que olhar o mar, um bosque, um jardim botânico.
Ah, leitor, estou me lembrando daquelas florestas e montanhas que
vimos nas nossas andanças fora do país, a exemplo da Nova Zelândia
e Áustria. As florestas que vi são tão caladas que você não
imagina... Não se vêem nem pássaros.
E
eis que acabo de me lembrar de um lugar, profundamente silencioso,
nos hotéis em que nos hospedamos. Estou me referindo ao seus
corredores muito bem atapetados, aqui e ali uma luxuosa poltrona para
você se sentar, ler e meditar. E sem esquecer os belos quadros. Até
as camareiras respeitam ali o silêncio, pois nos cumprimentam quase num
cochicho. Mas os hóspedes passam por ali, doidos para deixarem o hotel e
ganharem a rua.
Silêncio
absoluto, que, decerto, ganha para o fundo do mar a que se refere
Mariana. Pena que ele ande tão raro em nossa capital, sobretudo em
nossas praias...
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