Enquanto
a aeronave vai esquentando as turbinas, eu fico aqui, na cadeira, me
esquentando neste grosso casaco, aguardando o momento da decolagem e
dando adeus ao mundo gelado da Dinamarca.
Lá
embaixo, Londres, que também está fria e chuvosa, nos espera para
mais uma visita. Londres! Esta palavra me infunde, não amor, mas
muito respeito Acho-a solene, sem muitos sorrisos. Será por causa
de sua Majestade a Rainha, cujos guardas lembram bonecos movidos a
eletricidade e que fazem da troca de armas uma de suas maiores
atrações turísticas?
O
avião vai enfrentando o nevoeiro e me vem um desejo enorme de ver
Paris, lá embaixo. Mas, a Cidade Luz ficou no continente, com sua
história, com seus filósofos, com suas livrarias, som sua Torre
Eiffel, com sua Mona, que está doida para dar uma gargalhada e
acabar com esse negócio de” sorriso indefinível. Paris não é
apenas a cidade luz. Ela é a cidade dos livros. Em Paris se vêem
livros até pelo chão, lá no Quartier Latin.
Mas
deixemos Paris, cronista, você está indo para Londres, que está,
toda ancha, se preparando para dois grandes acontecimentos: os
sessenta anos de reinado da Rainha e as Olimpíadas. Confesso que
tenho muita pena da Rainha. Ela não desce do palácio. É uma eterna
prisioneira. Quando vai fazer compras, fato muito raro, a loja é a
mais sofisticada: a Harrods. Dizem que a loja fecha só para ela...
Sua majestade não passeia pelas ruas, não vai ao Picadily Circus,
não saboreia uma pizza no Café Fiori... Não se mistura às
centenas de turistas, naquele internacional vai e vem de pessoas pra
lá e pra cá.
Da
última vez que visitei Londres, por conta de uma estenose lombar,
tive de alugar uma cadeira de rodas. E nesse transporte, eu corri o
centro principal. Fui até a Catedral de Westminster. E sabe quem
empurrava a minha cadeira? Meu filho Germano, que só fazia sorrir, a
ponto de dizer: todo mundo está com inveja de você. Fui à
Trasfalgar Square, às livrarias da Charing Cross, à Oxford Street,
ao Royal Festival Hall, e até assisti a um concerto no Coliseum.
Mas
agora a situação é outra. Graças ao bisturi do cirurgião
paraibano Ronald Farias eu caminho com as próprias pernas. E, como
diz a letra do hino inglês - ”Deus salve a Rainha” - eu digo,
aqui bem baixinho: ”Deus salve Sua Majestade de uma estenose”.
![]() |
RECOMENDE AOS SEUS AMIGOS |
0 comentários
Postar um comentário
Deixe o seu comentário